O sobrado do Senador
Brito Guerra teve sua construção iniciada em 1810 e ficou concluído no ano de
1811. O Padre Guerra decidiu construí-lo, após ter retornado do Rio de Janeiro,
onde se submetera ao concurso para provimento do cargo de vigário colado (sacerdote
fixo, na época nomeado pela coroa), da freguesia
do Seridó. O vigário passou então a residir no sobrado, acompanhado de sua mãe
e das irmãs. Lá, ele morou por 34 anos, vindo a falecer no Rio de Janeiro, no
dia 26 de fevereiro de 1845. Figura expressiva na política provincial e
imperial, Brito Guerra teve sua primeira legislatura, como deputado
geral, entre os anos de 1831 e 1833 e foi senador vitalício do Império em 1837.
Foi projeto seu a Lei de 25 de outubro de 1831 que delimitava o território do
Seridó fazendo-o definitivamente pertencer à Província do Rio Grande do Norte,
acabando com a polêmica com a Paraíba que reivindicava essa porção espacial
para si.
A edificação
assobradada revolucionou as técnicas de construção até então vigentes na
região, sendo um marco para a época e impulsionando o desenvolvimento urbano de
Caicó. No prédio, funcionou por muito tempo a famosa Escola de Latim, visto que
o padre Guerra era um exímio latinista.
Outra figura de
destaque que visitou o sobrado e dele deu notícias foi o frei Caneca, que por
aqui esteve em 1824, fugindo das tropas realistas que reprimiam a Confederação
do Equador.
Grandes reuniões
ocorreram no sobrado, para o qual acorria a sociedade seridoense, curiosa das
novidades que trazia o padre, sempre que voltava de suas viagens à Corte.
Arquitetonicamente, o
sobrado apresenta dois pavimentos, tendo uma sóbria fachada, na qual se divisam
cinco portas e igual número de janelas, estas protegidas por grades de ferro. O
seu interior já sofreu alterações. A mobília original, infelizmente, já se
perdeu com o tempo; consta que o padre Guerra tinha bom gosto, utilizando
móveis de madeira de lei e talheres, copos, colheres, estribos, salva, brida de
prata.
O sobrado ele deixou
para seus dois sobrinhos padres: Francisco Justino Pereira de Brito e Joze
Modesto Pereira de Brito. E outro bens deixou também para seus filhos (!),
conforme em vinte de novembro de 1844 anota em seu testamento:“que por fragelidade
humana tive deis filhos; a saber Manoel Daniel, de Joanna da Rocha, em tempo
que ella era solteira, o qual já faleceo, mas existe hum filho delle do mesmo
nome, havido na constancia do matrimonio com Thereza, minha Sobrinha; Izabel,
Theodora, Alexandrina, Jacinto, e Francisco, filhos de Maria José, aos quaes
todos reconheço pello prezente Testamento por meos filhos, e os instituos,
únicos e universaes herdeiros de minha fazenda”
Endereço: Rua Padre
João Maria, 134 ( por trás da Catedral de Sant’Ana)
FONTE – UMA VIAGEM
PELA MEMÓRIA SERIDOENSE
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